Apertem os sintos (ouvi isso em algum lugar...)!!!
Esperada ansiosamente por milhares de corredores, a Corrida Internacional de São Silvestre é a mais famosa corrida de rua no Brasil que se realiza todos os anos no dia 31 de dezembro, aqui na cidade de São Paulo . A história da corrida já contei aqui (dá uma olhadinha lá no post!) e agora vou apresentar mais um pouco desta cidade seguindo o percurso da corrida...
É impossível não associar a São Silvestre à Avenida Paulista (o pior é que queriam tirar a corrida desta avenida... cada uma!!!). É aqui o inicio de tudo...
Não fui atras do Coringa!!!
Vamos lá... era uma vez, no final do século XIX, quando uma galera paulistana teve a suuuper idéia de expandir os horizontes e pensaram “Que tal se a gente criasse novas áreas residências aqui em São Paulo? Seria bom morar longe dessa muvuca do centro!!! E depois, um terreninho por essas bandas está muito caro!!! ” E assim aconteceu, por iniciativa e apoio do engenheiro Joaquim Eugênio de Lima, pensando no seu futuro (cara de visão esse!) e no pessoal que desejava adquirir seu espaço na cidade, a Avenida Paulista foi inaugurada no dia 8 de dezembro de 1891. Justamente, foi nessa época que estava acontecendo um "boom" imobiliário em terrenos de antigas fazendas e áreas devolutas, dando início a um período de grande crescimento.
Inauguração... Imagem: Wikipedia
Bem que quando tudo começou tentaram projetar as novas ruas de uma forma organizada, mas pelo que a gente vê hoje em dia, das duas uma: ou os caras que projetaram deram uma baaaaita viajada, ou os que construíram não entenderam "lhufas" do que estava projetado... Olhem só o que aconteceu com a Bela Vista!!!
Lá pelo final dos anos 20, alguém teve mais uma daquelas super idéias: mudar o nome da avenida para Carlos de Campos, homenageando o ex-presidente do estado. Só que o povo não gostou nada dessa história e fizeram com que a avenida voltasse a ter o nome com o qual foi criada e é conhecida até os dias de hoje. (Sinceramente, esse povo que aparece com idéias quanto a mudar nome de rua não tem mesmo o que fazer!!!)
Já em 1909, asfaltaram a avenida!!! Olha o progresso chegando aí, gente!!!
É na avenida que se localiza o Museu de Arte de São Paulo, o MASP, e também o Parque Tenente Siqueira Campos, também conhecido como Parque Trianon. Vamos por partes, como diria Jack...
Para falar a verdade, só para o MASP precisaríamos de alguns posts, mas como não é essa a idéia, vou dar uma resumida na história do museu... se alguém quiser posso dar maiores detalhes depois.
No inicio, o museu funcionou em dois andares, do Edifício Guilherme Guinle, na rua Sete de Abril, centro de São Paulo. Além da pinacoteca, contava com uma sala de exposição didática sobre a história da arte, duas salas para exposições temporárias e um auditório com 100 lugares.
Aí você deve estar se perguntado “Eita!!! O MASP não fica na Paulista???”, então, vou já contar como é que o museu foi parar lá na avenida...
Então, no final dos anos 50, o acervo já estava explodindo e as ampliações das atividades didáticas já estavam exigindo mais e mais espaços em condições apropriadas. Na tentativa de resolver o problema, Lina Bo Bardi fez contatos com a Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), conseguiu fazer algumas exposições e só...
Então Bardi se ligou que na Avenida Paulista, havia um terreno no local antes ocupado pelo “belvedere Trianon”, tradicional ponto de encontro da elite paulistana, projetado por Ramos de Azevedo e demolido em 1951 para dar lugar a um pavilhão, onde fora realizada a primeira Bienal Internacional de São Paulo!
Esse tal terreno havia sido doado à prefeitura por Joaquim Eugênio de Lima (lembra dele???), mas tinha uma condição bem bacana, diga-se de passagem: a vista para o centro da cidade através do vale da avenida Nove de Julho, deveria ser preservada. Virei fã dele!!!
Aí Lina Bo Bardi a esposa do Bardi, a par da situação do terreno e das condições, considerava o local perfeito para a construção da nova sede. Contou seus planos a Edmundo Monteiro, que, por sua vez, decidiu negociar a concessão do terreno com Ademar de Barros (candidato à eleição para a prefeitura de São Paulo). Acertou com Edmundo Monteiro de fazer a sua campanha pelos Diários Associados (que era de Assis Chateaubriand), de graça, comprometendo-se, caso fosse eleito, a aprovar a concessão do terreno para a construção da nova sede (está vendo...). Eleito, Ademar manteve o acordo, dando início aos trabalhos. Por acaso você já não viu alguma coisa desse tipo por aí??? Hã!
Para preservar a vista exigida para o centro da cidade era necessário ou uma edificação subterrânea ou uma suspensa. A arquiteta optou por ambas as alternativas, concebendo um bloco subterrâneo e um elevado, suspenso a oito metros do piso. A construção é considerada única pela sua peculiaridade: o corpo principal pousado sobre quatro pilares laterais, resultando em um vão livres de 74 metros, à época considerado o maior do mundo. A inovação foi viabilizada pelo trabalho do engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz, que aplicou na obra a sua própria patente de concreto pretendido.
Do outro lado da Avenida está o parque Parque Tenente Siqueira Campos, mais conhecido como Parque Trianon.
Esse parque foi inaugurado em 3 de abril de 1892 logo depois da inauguração da Avenida Paulista. Naquela época, o ambiente cultural da aristocracia cafeeira era dominado por influências do romantismo europeu do século XIX e, dessa forma, o parque acabou ganhando ares de um jardim inglês com uma exuberante vegetação tropical (tudo a ver...). O responsável pelo projeto paisagístico foi o francês Paul Villon, e o nome Trianon veio do fato de, naquele tempo, existir no local onde hoje se situa o Museu de Arte de São Paulo em frente ao parque, um clube com o nome Trianon, onde foi construído de o chamado belvedere com projeto do arquiteto Ramos de Azevedo.
Foi inaugurado em 1858 com o nome de Cemitério Municipal, com o objetivo de garantir a salubridade e evitar epidemias, substituindo o hábito então recorrente de sepultar os mortos nos interiores das igrejas.
Em seus primeiros anos, o cemitério da Consolação era o lugar de sepultamento de pessoas de todas as classes sociais, incluídos os escravos, que foram transferidos do cemitério dos Aflitos.
Já a partir do século XX, o cemitério passa a receber quase que exclusivamente pessoas da alta classe média e da burguesia - notadamente os nouveaux riches - devido ao loteamento dos terrenos em jazigos perpétuos vendidos pela prefeitura. Nesta época, um túmulo suntuoso era visto como sinal evidente de status social. Meu, essa galera competia para ver quem construía os jazigos cada vez mais sofisticados com materiais carésimos como mármore e bronze. Já a ornamentação ficava por conta dos artistas famosos da época, que aproveitavam afinal, a arte tumular era uma atividade com demanda estável e altamente lucrativa.
Escultura de Eugênio Prati
Desde então, o cemitério abriga túmulos de personalidades e famílias ilustres da sociedade brasileira e paulistana, como Campos Sales, Washington Luís, marquesa de Santos e Monteiro Lobato, sendo também referência em arte tumular no Brasil, com importantes obras de arte de escultores como Victor Brecheret, Celso Antônio Silveira de Menezes, Nicola Rollo, Luigi Brizzolara e Galileo Emendabili.
E segue a corrida em direção à Avenida Ipiranga...
Mas antes de virar à esquerda na Ipiranga, do seu lado direito está localizada a Praça Roosevelt, onde se localiza Igreja Nossa Senhora da Consolação. Até aí tudo bem, mas essa praça é cheia dos detalhes...
O local onde está a praça pertencia a Dona Veridiana Prado no século XIX. A praça foi criada em uma chácara, ao lado de onde funcionava, no início do século XX, o Velódromo de São Paulo, primeiro estádio de futebol do Brasil, desapropriado em 1915 para dar lugar à Rua Nestor Pestana.
Foi na década de 20 foi construída a Igreja Nossa Senhora da Consolação, de frente para a Rua da Consolação. Criada originalmente sem planejamento, a praça foi asfaltada na década de 1950 sem o devido nivelamento de terreno, o que passou a causar deslizamentos que acabavam com parte do asfalto. Foi a partir dessa urbanização que nos registros oficiais da cidade passou a constar o nome do logradouro como Praça Roosevelt.
Lá pelos anos 60 o prefeito da cidade, José Vicente Faria Lima, decidiu construir no local um grande conjunto arquitetônico (já viu, né!!!!) com a intenção de que a praça virasse um marco da cidade. O projeto foi realizado pelo paisagista Roberto Coelho Cardozo, português radicado no Brasil e professor de paisagismo na FAUUSP. O conjunto é formado por duas grandes estruturas de concreto e verde que é bom... nada!!!! Acho que esse é um dos projetos mais criticados EVER!
Numa das estruturas da praça, a mais próxima à Rua da Consolação e ao lado da Igreja, há duas rampas em formato cilíndrico que rodeiam um respiradouro da Ligação Leste-Oeste e dão acesso ao nível superior, que chamado de "Praça dos Pombos", onde estavam projetados um pombal, um lago e muita vegetação. A outra estrutura, com 4.409,21 metros quadrados e em um nível acima da "Praça dos Pombos", é chamada de "Praça Pentagonal" e tem alguns bancos de concreto. Para dar lugar às estruturas foram demolidos casarões que existiam nas laterais da igreja.
A praça nunca deu muito certo...
Entrando na Avenida Ipiranga a gente dá de cara com o Edifício COPAN, um dos cartões postais da cidade!!!
O Copan foi um dos grandes projetos para São Paulo apresentados por Oscar Niemeyer em 1951, encomendado para o IV Centenário da cidade (que viria a ser comemorado em 1954). A ideia era inspirada no Rockefeller Center, de Nova York, condomínio que unia um grande centro comercial e de lazer a residências. Este edifício é um dos mais importantes e emblemáticos da cidade de São Paulo e no Brasil.
É bastante conhecido por sua geometria sinuosa, que lembra uma onda, e pelos números superlativos de suas estatísticas. Tem 115 metros de altura, 35 andares (incluindo três comerciais), além de dois subsolos, e cerca de dois mil residentes. É considerada a maior estrutura de concreto armado do Brasil. Possui 1160 apartamentos distribuídos em seis blocos, sendo considerado o maior edifício residencial da América Latina. A área comercial no térreo possui 72 lojas e um cinema, o antigo Cine Copan, que funcionou até 1986.
Seguindo em direção à Praça da República encontramos o “Circolo Italiano” ou mais conhecido como Edifício Itália. Inaugurado em 1965, é o segundo maior da cidade de São Paulo e do Brasil em altura, com 165 metros (151 m a partir do nível da rua) distribuídos em 46 andares. Este edifício está protegido pelo Patrimônio Histórico por ser um dos maiores exemplos da arquitetura verticalizada brasileira. Lá no alto funciona um barzinho e um restaurante. Vale a pena dar uma chegadinha lá no topo, principalmente de for a noite.
Do outro lado da avenida temos a Praça da República, mas isso vai ficar para outro post!!! Esse já está longo demais!!!
E aí, estão gostando???
Dona D
Adorei!!! Aguardando ansioso os próximos. E olha que ainda estamos no km 4.
ResponderExcluirQuem precisa daquela reportagem da Globo antes da transmissão da corrida quando temos posts desta qualidade?
ResponderExcluirParabéns, e aguardo os próximos!
Claudio Rinaldo
http://numerodepeito.blogspot.com/
http://cicloviadigital.blogspot.com/
Que post mais chique!!! Adorei parabéns concordo com o Rinaldo =)
ResponderExcluirBons Kms
Fabi =)
Mister M. você está de parabéns!!! O Roteiro Corrístico está muito bem escrito, com curiosidades legais!! Gostei especialmente da "arte tumular (Buuuuuuu!!!!)". Demais!!! Já estou, inclusive, preparado para prestar algum concurso público no Estado de São Paulo, já que este Post conta tudo, história e atualidades!!! E para quem não conheçe SP e vai correr a São Silvestre é uma baita contribuição!! Parabéns!!
ResponderExcluirFelipe de Souto
Parabéns pelo Post... andei por essas ruas com as tuas palavras, este ano estava para ir fazer a prova, mais devido ao trabalho tenho que adiar.. parabéns pelo post
ResponderExcluirIvana,
ResponderExcluirSinto-me orgulhoso por ser amigo (virtual) de alguém tão inteligente e com habilidade de escrever e apresentar aos corredores a história desse percurso.
Mas não nos maltrate tanto, coloque no ar o resto do percurso, por favor!
Beijão!
Gilmar
Caraca D!!!!
ResponderExcluirAmei a sua divertida maneira de contar uma história séria e cheia de detalhes importantes.
Estou orgulhoso demais e vamos nos lembrar de tudo isto no dia 31, ok?
Parabéns.
Eu ficaria horas aqui destacando as tiradas. Jardim Ingles com vegetal tropical. Muito jóia!!!!
Mega abraço, parceira!
Irado guerreira !!!
ResponderExcluirShow.
ResponderExcluirDifício não gostar de uma "aula" de história com essa.
tutta/ubiratã-pr
www.correndocorridas.blogspot.com
Menina não para...isso tá bom demais!
ResponderExcluirSegue em frente que atras de vc tem muita gente querendo ler seu post sobre a SS
Parabéns pela idéia e pelo texto de muita criatividade e conhecimento
Abraços
Marildo Nascimento
www.4corredores.com.br